Instalações e Manutenção de Electrodomésticos

Monóxido de Carbono ( CO ) ... Um perigo que não deve ignorar

Todos os anos, no início do Inverno, mas longe de ser exclusivo desta estação, quando baixam as temperaturas e sobe a pressão atmosférica, observa-se um aumento do número de intoxicações.
Isto, apesar de nas últimas décadas ter diminuído a utilização do carvão como combustível em muitos dos utensílios domésticos (ferros de engomar, aquecedores, lareiras abertas, fogões de cozinha, gás de iluminação urbana). Mas, continua a ser comum a utilização da combustão de madeira nos fogões para aquecimento e tem aumentado a utilização de gás (butano, propano ou natural), tanto no aquecimento de águas e ambientes, como na produção de força motriz (automóveis e motores a gasolina e gasóleo).


Quando se ouvem notícias sobre as intoxicações, é comum falar no gás inalado. Muitas pessoas supõem que esse gás é aquele que alimenta os aparelhos. Mas sabemos que, tanto o gás natural (metano - CH4), como o gás das botijas (propano - C3H8 ou butano - C4H10), têm um cheiro característico resultante dos compostos que lhe são adicionados no processo de produção. Mas então que gás é esse que causa estes problemas?


Trata-se do Monóxido de Carbono (CO). Um gás sem cor, cheiro ou sabor, sendo por estas razões difícil de detectar. Como tem uma densidade próxima da do ar, espalha-se rapidamente no ambiente. Desde que permaneça em níveis baixos, a sua presença no ar não é preocupante.

Em níveis de concentração elevados, a sua inalação provoca intoxicação em pessoas e animais. Entra no organismo através dos pulmões, onde por transformações químicas passa ao sangue, formando com a hemoglobina um composto mais estável do que esta e o oxigénio. Desta forma reduz a capacidade do transporte do oxigénio, afectando deste modo o cérebro e o coração, levando em muitas ocasiões à morte por asfixia. Os sintomas podem ser confundidos com uma gripe ou intoxicação alimentar.


No mesmo espaço e em presença de Monóxido de Carbono, todos os indivíduos sofrem os seus efeitos, mas manifestam-no de diferentes maneiras consoante a sua susceptibilidade. Nos insectos, e outros animais sem hemoglobina, o gás é inerte, isto é, não tem qualquer efeito.
Mas nos seres humanos, podem ser indicadores de uma intoxicação fraca, os sintomas iniciais mais comuns : dor de cabeça, cansaço, falta de concentração, mal-estar súbito, tonturas, vómitos e sobretudo sonolência. Durante o sono e sem darmos conta do perigo, o nosso organismo continua exposto à acção do monóxido.
Os seus efeitos em concentrações mais altas podem ser tão rápidos, que temos pouco ou nenhum aviso antes de perder a consciência. Com exposições mais demoradas atingimos concentrações de CO no sangue mais elevadas e podemos entrar em coma, ter convulsões, hipotensão, arritmias cardíacas, e num espaço de tempo variável chegar à morte.
O paciente que sobreviveu a uma intoxicação grave pode apresentar lesões no cérebro e problemas de memória irreversíveis. Na maioria dos casos, pode permanecer várias semanas em recuperação e ter recaídas num processo de restabelecimento aparente.


Abrir uma janela ou a porta da rua e em seguida desligar alguma fonte de combustão que no local possa estar a originar a libertação de monóxido de carbono, são simples cautelas que podem salvar vidas.


Alguns valores a ter em conta:
Imagem - Gráfico Efeitos CO
- Com 6 a 8 horas de exposição continuada a ~ 0,0035% (35 ppm – partes por milhão) - dores de cabeça e tonturas;
- com 2 a 3 horas de exposição continuada a ~ 0,01% (100 ppm) - dores de cabeça e tonturas;
- com exposição continuada a ~ 1,28% - morte em menos de 3 minutos.


Como em média um adulto inspira em cada respiração, cerca de meio litro de ar, significa que basta que este contenha apenas 6,4 ml ou cm3 de monóxido de carbono para nos causar a morte em menos de 3 minutos.


O nível máximo aceitável de monóxido carbono, definido legalmente, é 50 ppm (partes por milhão) o que equivale a 0,005%.
Este é o valor de referência a ter em conta, nos testes feitos pelas Entidades Inspectoras, onde se simulam as piores condições de funcionamento, colocando todos os aparelhos a gás a funcionar na sua potência máxima e o exaustor na velocidade máxima também.


Alguns sinais da presença de CO no ar ambiente:
  • Coloração amarela ou laranja da chama, em vez de azul;
  • Aparecimento de manchas nas condutas de evacuação ou junto a estas, ou mudança de cor na tampa dos aparelhos;
  • Alterações de comportamento ou mesmo morte de pequenos animais de estimação.


Como aparece?


Independentemente do combustível utilizado: madeira, carvão, gasolina, gasóleo, óleo combustível, butano, propano, gás natural, petróleo, todos necessitam de oxigénio para serem queimados. Se a quantidade de oxigénio for insuficiente, a combustão é deficiente e incompleta, dando lugar à formação de monóxido de carbono.


As principais fontes de monóxido de carbono na nossa vida diária são os veículos automóveis de combustão interna, os aparelhos de queima nos lares e, más notícias para quem é fumador... também o fumo do cigarro. Estudos recentes indicam que a exposição prolongada ao monóxido de carbono reduz a esperança média de vida, por lesar o músculo cardíaco.


Estas são as principais causas que podem dar lugar à concentração de Monóxido de Carbono em casa:


– Ventilação

  • Insuficiente renovação de ar na habitação e ausência de ventilação adequada no local onde se encontram instalados os aparelhos; (não existem aberturas de ventilação, ou quando existam encontram-se tapadas, sujas ou têm dimensão insuficiente);


É recomendável especial vigilância em alturas de frio intenso quando são mais utilizados aparelhos que consomem o ar ambiente para manter a combustão e a ventilação do local tende a ser menor. Atenção principalmente às típicas braseiras e aos aparelhos de aquecimento (catalíticos, lareiras, salamandras ou caldeiras).


Mantenha a sua habitação arejada, com ventilação permanente e nunca obstrua as entradas de ar dos sistemas de ventilação.


– Saídas de fumos

  • Condutas de exaustão ou chaminés obstruídas (gorduras, poeiras, ninhos de pássaros, etc.);
  • Chaminés mal construídas (que em certas condições meteorológicas devolvem os gases para o interior das habitações)
  • Chaminés com desenho defeituoso ou mal dimensionadas, que não permitem a correcta exaustão dos gases/fumos.


Promova a limpeza das condutas de exaustão e chaminés, uma vez por ano.


– Aparelhos


Instalação:
  • Aparelhos de aquecimento ou produção de águas quentes inadequados ao local e às condições de instalação (esquentador não ventilado, exaustor demasiado potente);
  • Aparelhos incorrectamente instalados, apesar de adequados;


A montagem dos aparelhos de queima deve ser sempre efectuada por um profissional.


Manutenção:
  • Aparelhos em deficiente estado de conservação;


Solicite a manutenção regular das instalações e a verificação periódica do funcionamento destes aparelhos por um profissional. Uma combustão incorrecta provoca a formação de Monóxido de Carbono. A manutenção anual do esquentador ou da caldeira por parte do S.A.T. (serviço assistência técnica) previne os casos de combustão defeituosa.
E não se esqueça do seu fogão. Existe a tendência de menosprezar a verificação deste aparelho, mas por se tratar de um equipamento a gás, deverá ser verificado e mantido em boas condições de funcionamento.


Funcionamento:
  • Interferência do funcionamento do exaustor da cozinha na correcta libertação para o exterior dos gases/fumos do esquentador, caldeira, lareira, etc...


Deve evitar utilizar o exaustor da cozinha enquanto o esquentador, caldeira ou lareira estiverem em funcionamento, pois pode causar interferência na correcta libertação para o exterior dos gases/fumos destes equipamentos.
Nas casas muito calafetadas e sem sistemas de renovação de ar permanente ou em que estes existam mas se encontrem obstruídos, a entrada em funcionamento do exaustor de cozinha, pode provocar a compensação do ar retirado, com a aspiração através das condutas de saída do esquentador/caldeira e/ou da lareira, originando o retorno dos produtos de combustão (gases/fumos) destes aparelhos, para o interior da habitação, caso estes se encontrem a trabalhar.
Também um exaustor com demasiada potência, pode provocar um excesso de aspiração com consequências semelhantes.

Merecem ainda uma chamada de atenção os sistemas colectivos de extracção mecânica, que devem estar sempre em funcionamento. Para além da necessidade de limpeza periódica, em caso de avaria ou de trabalhos de manutenção que impliquem paragem, deve ser garantida a não utilização dos respectivos aparelhos de queima, enquanto o funcionamento da exaustão não for restabelecido.


Autor: Carlos Silva - Este texto resulta de um trabalho de adaptação e tradução, a partir de pesquisas realizadas na internet e em literatura especializada.
Caso pretenda utilizar este texto, cite o autor e o endereço do site com uma ligação para esta página.
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